A luz baixa, o artista entra no palco… e o reflexo de centenas de telas se acende como vaga-lumes sincronizados. Um mar de celulares se ergue, filmando, fotografando, tentando capturar aquele instante.
É bonito. É estranho. É muito humano.
Por que registramos tanto?
Vivemos numa era em que cada momento parece precisar de prova. “Estive aqui”, “eu vi isso”, “olha como foi incrível”. A foto, o vídeo, a selfie. Tudo isso virou quase uma extensão da experiência — como se o real só fosse real se tiver registro.
Mas por trás disso, existe um desejo legítimo: o de guardar a memória. De eternizar aquele instante em que você cantou sua música favorita com milhares de desconhecidos. Em que chorou com um verso. Em que se sentiu parte de algo maior.
Mas… e o momento?
O outro lado da moeda é a pergunta inevitável: será que estamos vivendo o suficiente, ou apenas colecionando provas de que estivemos lá?
Muita gente passa o show todo filmando — e às vezes só vai ver aquele momento de verdade dias depois, pela tela. E aí a dúvida aparece: o momento aconteceu mesmo, se a gente não o viveu com o corpo todo — olhos, pele, ouvidos, coração?
A fotografia como ponto de equilíbrio
Na Cromo, a gente acredita que existe um meio-termo. Que a fotografia pode ser uma extensão do momento, e não uma barreira. Quando clicamos o público durante um show, buscamos justamente registrar sem interromper. Capturar a alegria, o arrepio, a dança — enquanto ela acontece, sem pedir pose, sem tirar ninguém da vibe.
É por isso que nossas fotos tocam as pessoas: porque elas estavam vivendo, e não tentando se lembrar de como viver.
Viva, depois reveja
Então da próxima vez que se deparar com um mar de celulares, faça o que o coração mandar. Se quiser filmar, filme. Mas se puder, viva. Pule, cante, abrace. Depois — quem sabe? — talvez você se veja numa foto nossa. Um clique perdido no meio da multidão, onde você aparece sendo… você.
E aí sim, o registro fará sentido.